quinta-feira, 23 de abril de 2015

PROJETO DE PESQUISA APRESENTADO AO PPGLL





UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL
FACULDADE DE LETRAS – FALE
DEPARTAMENTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGUÍSTICA - PPGLL









A INTERAÇÃO LINGUÍSTICA ENTRE OS FALANTES DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS DA REGIÃO SERRANA DOS QUILOMBOS DE ALAGOAS: PERSPECTIVAS DA ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO












ÁREA DE PESQUISA: LINGUÍSTICA
LINHA DE PESQUISA: ESTUDOS TEXTUAIS: ORALIDADE, LEITURA E ESCRITA
MESTRANDO: JOSIMAR GOMES DA SILVA
ORIENTADORA: Drª. MARIA FRANCISCA OLIVEIRA SANTOS








MACEIÓ-AL
2014
ÁREA DE PESQUISA: LINGUÍSTICA
LINHA DE PESQUISA: ESTUDOS TEXTUAIS: ORALIDADE, LEITURA E ESCRITA















A INTERAÇÃO LINGUÍSTICA ENTRE OS FALANTES DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS DA REGIÃO SERRANA DOS QUILOMBOS DE ALAGOAS: PERSPECTIVAS DA ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO



Projeto de Pesquisa entregue como requisito para a seleção de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística (PPGLL) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), conforme Edital nº. 32/2014 PPGLL/UFAL, inserido na linha: Estudos Textuais: Oralidade, Leitura e Escritura.
Mestrando: Josimar Gomes da Silva
Orientadora: Drª. Maria Francisca Oliveira Santos














MACEIÓ-AL
2014

1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA
           
            Este projeto propõe uma análise conversacional de entrevistas orais a Comunidades Quilombolas da região Serrana dos Quilombos, em Alagoas. Nessa região, a investigação sobre as comunidades quilombolas (Filus, Jussara e Mariana, em Santana do Mundaú, Gurgumba e Sabalanga, em Viçosa) propõe-se, ainda, em identificar e documentar aspectos históricos e socioculturais desse povo, suas formas de organização e sobrevivência no passado e no presente, bem como o caráter social da linguagem através da interação face a face, não interferindo nas diversas análises linguísticas que surgem a partir de seu corpus, subsidiando nossos estudos em Análise da Conversação, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística (PPGLL) da Universidade Federal de Alagos (UFAL), liderado pela Drª Maria Francisca Oliveira Santos.
A proposta surgiu a partir do desenvolvimento do projeto de pesquisa e extensão do Núcleo de Estudos Linguísticos (NELING), do Campus Universitário Zumbi dos Palmares (CAMUZP), da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), em União dos Palmares. Esse projeto está sendo desenvolvido e coordenado pelos professores Josimar Gomes da Silva e Dariana Nunes dos Santos.
Tal iniciativa encontra-se integrada ao Projeto Regional O conhecimento linguístico e sociocultural da comunidade quilombola Muquém, União dos Palmares – Alagoas, coordenado pela Profª. Dra. Maria Denilda Moura, da Faculdade de Letras (FALE) da UFAL e que, por sua vez, encontra-se integrado ao Projeto Nacional Para a história do português brasileiro (PHPB), coordenado nacionalmente pelo Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho, da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). O PHPB é um projeto que visa conhecer o processo de formação do Português Brasileiro (PB), bem como sua evolução e a contribuição linguística de línguas indígenas e africanas.
Diante desses pressupostos, pretende-se responder algumas perguntas próprias de pesquisas voltadas à oralidade, levando em conta a assimetria presente nas entrevistas orais: como é organizado o discurso oral em entrevistas a pessoas remanescentes quilombolas? Como se dá a interação dos falantes (entrevistado e entrevistador)? Confirma-se a assimetria nesse gênero ou, vez por outra, há indícios de simetria? Quais estratégias os falantes dessas comunidades utilizam para manter o turno, iniciá-lo e transferi-lo? Como se dá a composição do texto oral por esses falantes? Quais os elementos de linguagem que permitem haver interação ou procuram bloqueá-la?
Vale ressaltar que, embora o projeto esteja associado a vertentes Sociolinguísticas, nada nos impede de reconhecer os traços linguísticos advindos das conversações face a face, presentes nas transcrições que faremos dos dados coletados de entrevistas com moradores dessas comunidades remanescentes, pois o corpus será composto por entrevistas, sendo todas as sequências conversacionais representadas pelo par pergunta-resposta (P-R).  Sendo assim, observamos que no texto falado, há uma organização tópica, com regularidades passíveis de investigação.
Observando-se a organização do tópico conversacional, convém citar Marcuschi (2005, p. 75-76), ao lembrar que as regras da conversação, que pressupõe dois ou mais falantes, são diferentes de um monólogo:
Na conversação, a perspectiva do desenvolvimento é múltipla; cada turno pode colocar uma reorientação, mudança ou quebra do ponto de vista em curso; a repetição de conteúdos por parte de vários falantes não é redundante; asserir e confirmar são atos diferentes: a asserção afirma uma proposição e a confirmação afirma um consenso [...].

            Considerando o caráter dinâmico dos gêneros conversacionais, analisaremos as várias estratégias de formulação textual no gênero entrevista oral nessas comunidades quilombolas da Região Serra dos Quilombos do estado de Alagoas.
Os estudos conversacionais possibilitam essa análise, considerando os fenômenos interacionais dos falantes, como também a articulação dos vários mecanismos da fala dos interactantes, preocupando-se com a formulação e a composição do par P-R.
Tendo em vista o mencionado, podemos analisar no corpus constituído a partir das transcrições das entrevistas orais gravadas em áudio os turnos conversacionais, os marcadores discursivos, as sequências conversacionais, as marcas de oralidade, os modalizadores, a coerência e a coesão conversacionais, a cortesia, a organização tópica, dentre outros mecanismos próprios da interação face a face.

 2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVOS GERAIS

Realizar uma análise conversacional sobre a interação linguística a partir de entrevistas orais gravadas nas Comunidades Quilombolas da região Serrana dos Quilombos, em Alagoas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

-Fazer levantamento bibliográfico do gênero entrevista oral;
-Desenvolver pesquisa documental;
-Elaborar questionários a respeito de aspectos históricos e socioculturais da comunidade;
-Realizar entrevistas gravadas com moradores das comunidades quilombolas, os quais serão selecionados de acordo com os seguintes critérios: sexo, faixa-etária e maior conhecimento da história da comunidade;
-Transcrever as entrevistas gravadas, armazenar os dados, a fim de disponibilizá-los para os diversos estudos linguísticos através do NELING (construção de site, blog e publicação de livro contendo os dados transcritos), favorecendo o desenvolvimento de outros estudos a partir desses dados;
-Coletar material visual;
-Coletar material audiovisual;
-Analisar a entrevista realizada e transcrita seguindo os parâmetros dos estudos conversacionais (turnos, marcadores discursivos, sequências conversacionais, marcas da oralidade, os modalizadores, organização tópica) e textuais (coesão e coerência);
-Produzir a dissertação de mestrado a partir das análises empreendidas, bem como divulgar, em eventos científico-acadêmicos, os resultados da pesquisa através de apresentação e de publicações impressas e digitais.

 3 BASE TEÓRICA

            Este projeto de pesquisa seguirá as perspectivas elencadas por teóricos da Análise da Conversação (AC), servindo-se também da Linguística Textual (LT) para esclarecer alguns conceitos próprios da textualidade presentes nas conversas entre os interactantes. Sendo a conversação a primeira forma de linguagem, observamos que a linguagem possui uma natureza dialógica, conforme preconiza Bakhtin (2010) e, por proceder dessa forma, comunicamo-nos por meio de perguntas e respostas (asserções e réplicas).
            A AC surgiu a partir dos estudos vinculados à Etnometodologia, na década de 1960. Desde então, surge como a área da Linguística voltada à análise de textos da oralidade, nos quais a entrevista oral se insere preocupando-se com os conhecimentos linguísticos, paralinguísticos e socioculturais, ultrapassando a perspectiva estrutural, e se ligando ao caráter pragmático da conversação cotidiana dos sujeitos. Essa leitura feita pela AC focaliza que “os meios pelos quais os membros de uma sociedade podem interagir são extremamente diversos, e nem sempre de natureza linguística” (KERBRAT-ORECCHIONI, 2006, p. 11).
            Por se tratar de prática social dos sujeitos, os estudos conversacionais partem de situações concretas de uso: são textos reais de interação social. Apesar de ser rascunho de si mesmo, o texto oral possui uma organização própria, com características que orientam o evento comunicativo. Analisando a conversação, Marcuschi (2005, p. 15) define cinco características básicas da AC:

a) interação entre pelo menos dois falantes;
b) ocorrência de pelo menos uma troca de falantes;
c) presença de uma sequência de ações coordenadas;
d) execução numa identidade temporal;
e) envolvimento numa “interação centrada”.

            Também é próprio das características organizacionais da conversação dois tipos de diálogos (STEGER apud MARCUSCHI, 2005): o assimétrico (em que um dos falantes orienta a conversa) e o simétrico (em que todos os interactantes têm direito à posse de turno mediando o assunto a ser desenvolvido). Nesta pesquisa, desenvolveremos uma análise, seguindo os aspectos estritamente típicos do diálogo assimétrico, por se tratar de uma entrevista oral, na qual o entrevistador conduzirá o assunto a ser tratado no turno de modo sistemático.
            Ao tratar do turno conversacional, postulado por Sacks, Schegloff e Jefferson (1974 apud MARCUSCHI, 2005, p. 18), consideramos algumas propriedades fundamentais:

a) a troca de falantes recorre ou pelo menos ocorre;
b) em qualquer turno, fala um de cada vez;
c) ocorrências com mais de um falante por vez são comuns, mas breves;
d) transições de um turno a outro sem intervalo e sem sobreposição são comuns; longas pausas e sobreposições extensas são a maioria;
e) a ordem dos turnos não é fixa, mas variável;
f) o tamanho do turno não é fixo, mas variável;
g) a extensão da conversação não é fixa nem previamente especificada;
h) o que cada falante dirá não é fixo nem previamente especificado;
i) a distribuição dos turnos não é fixa;
j) o número de participantes é variável;
l) a fala pode ser contínua ou descontínua;
m) são usadas técnicas de atribuições de turnos;
n) são empregadas diversas unidades construidoras de turno: lexema, sintagma, sentença, etc.;
o) certos mecanismos de reparação resolvem falhas.

            Esse modelo elementar considera sempre a universalidade da regra básica da conversação: “fala um de cada vez” (MARCUSCHI, 2005, p. 19). Assim, haverá organização na tomada de turno, de modo que o falante que está de posse do turno conclua-o a qualquer momento, passando o turno para outro falante (transição de turno). A transição de turno pode ser marcada por pausas, hesitações, sobreposição de vozes.
            Evidenciamos também aqui os mecanismos do interior do texto oral, os quais conduzem o texto coerentemente, como, por exemplo, a repetição tão utilizada na oralidade. Nesse sentido, Antunes (2008) argumenta que existem pesquisas sobre a funcionalidade da repetição na fala e na escrita. Recorrentemente, muitas pesquisas abordam a paráfrase, o paralelismo e a repetição propriamente dita como recursos da repetição em textos da modalidade escrita. Isso não significa que seu uso não esteja também em textos orais. Também seria insignificante propagar que a repetição é bem vinda na modalidade oral da língua enquanto que na escrita, não. Devemos entender a fala como uma representação fônica da língua e a escrita como uma representação gráfica da língua. Desse modo, observamos que existem recursos mais utilizados na fala que na escrita, e a repetição pode ser um deles.
Através da literatura dada por Antunes (2008), lembramos que esses recursos de repetição existem tanto na modalidade escrita quanto na oral. Conceituando os vários recursos, por paráfrase, entende-se que é “[...] uma operação de reformulação, de dizer o mesmo de outro jeito”. (ANTUNES, 2008, p. 62). Ela se constitui um forte recurso reiterativo de coesão, propiciando a elucidação de uma ideia por meio de um novo olhar (reformulação).
            Já o paralelismo é um recurso coesivo que estabelece coordenação entre elementos com “[...] valores sintáticos idênticos, o que nos leva a prever que os elementos coordenados entre si apresentem a mesma estrutura gramatical” (ANTUNES, 2008, p. 64-65), ocorrendo uma simetria nos planos para os quais as ideias remetem.
            A repetição propriamente dita “[...] corresponde à ação de voltar ao que foi dito antes pelo recurso de fazer reaparecer uma unidade que já ocorreu previamente”. (ANTUNES, 2005, p. 71). Este recurso parece-nos muito comum na oralidade como requisito próprio da continuidade textual exigida pela fala. E sobre a utilização desse recurso reiterativo, a autora percebe que é um recurso muito significativo, pois está presente em textos orais e escritos sem que seja afetada a qualidade do texto.
            A repetição propriamente dita faz parte da regularidade dos textos orais. Ela desempenha “[...] diferentes funções, todas elas, de alguma forma, coesivas” (ANTUNES, 2008, p. 72), dando ênfase à determinada ideia. No entanto, a grande função que atribuímos à repetição “[...] é aquela de marcar a continuidade do tema que está em foco”. (ANTUNES, 2008, p. 74).
            Vale ressaltar que o uso da repetição pode tornar um texto menos interessante ou mais informativo, a depender do gênero textual. Há gêneros escritos em que seu uso pode ser mais funcional que em gêneros orais. “Desse modo, pode parecer um gênero textual na modalidade de língua escrita com marcas da oralidade e vice-versa, exigindo do falante a competência linguística para identificá-las”. (SANTOS, 2007, p. 47).
A repetição é bem mais recorrente em textos orais que em textos escritos, pois nestes ainda perdura o estigma de que o uso da repetição não é bem vindo, causando uma redundância nos textos. Quanto àqueles, a repetição aparece como um fenômeno próprio da interação face a face, pois, conforme demonstra Kerbrat-Orecchioni (2006, p. 39):
Em vez de demonstrar o caráter defeituoso dos sujeitos falantes, tais fenômenos constituem manifestações de sua capacidade de construir enunciados interativamente eficazes. Sob a aparente “desordem” do oral espontâneo, escondem-se, de fato, regularidades que são de natureza diversa das que se observam na escrita, porque as condições de produção/recepção do discurso são elas mesmas de outra natureza. E se permanecemos durante tanto tempo cegos a essas regularidades que hoje a análise conversacional persegue, é sem dúvida porque estamos muito acostumados a nos “acomodar” exclusivamente ao discurso escrito.

A repetição contribui para garantir a continuidade à organização tópica na conversação. Já que o texto oral, como rascunho de si mesmo, não pode ser repensado, a utilização de estratégias de repetição serve para garantir a unidade do texto. A repetição serve como elemento coesivo textualizador que, como observa Koch (2005, p. 127), mantém a unidade discursiva através da coesão sequencial em que “[...] a continuidade dos sentidos no texto é assegurada, em parte, pelos recursos de manutenção temática, entre os quais se destaca a recorrência de itens de um mesmo campo conceitual ou lexical, muitas vezes também morfologicamente relacionados”.
Na construção do texto falado, temos prazer em repetir: “gostamos de repetir provérbios, frases feitas, trechos de canções famosas, slogans políticos ou publicitários, palavras, expressões ou enunciados inteiros que são constantemente pronunciados por artistas de TV”. (KOCH, 2005, p. 124). É nesse contexto de convívio social em que a repetição está inserida como elemento agregador capaz de fazer com que os diversos sujeitos da interação assimilem o novo a partir do que já é de seu conhecimento.
Johnston (1987 apud KOCH, 2005) destaca que os estudos sobre repetição estão divididos em quatro grupos: coesivos, retóricos, semânticos e aquisição da linguagem, socialização e ensino de línguas. Deve-se a esse autor grande parte do material de que dispomos ao estudar e/ou enfocar o uso da repetição em textos orais. Marcuschi (2006) enfatiza, em suas análises, cinco planos funcionais da repetição: a coesividade (ligada ao encadeamento intra e interfrástico da composição textual-discursiva), a compreensão (intensificação e esclarecimento discursivo), a continuidade tópica (amarração das ideias como introdução e reintrodução temática), a argumentatividade (possibilitando a contestação das ideias do locutor/interlocutor) e a interatividade (monitoração da tomada de turno). Parece-nos eficaz construir nossa análise sobre a repetição no plano da coesividade devido à composição das ideias em textos de entrevistas orais. Nesse aspecto, Santos (2004, p. 56) contribui para a ideia de que a “[...] repetição na língua falada é considerável, porque possibilita a condução do tópico por parte daqueles que têm o controle do discurso [...]”.
As repetições se apresentam de modo recorrente na conversação. E, conforme Marcuschi (2001), são importantes as pesquisas com os textos orais para redescobrirmos e refletirmos melhor sobre seu uso nos contextos da vida social.
Na oralidade, as repetições são frequentes, pois, a todo momento, os falantes estão retomando, alterando, reafirmando numa continuidade textual, operando, muitas vezes, sentidos diferentes sobre o elemento repetido. “Tais repetições, no entanto, são extremamente frequentes, visto que é comum os falantes utilizarem esse recurso para ganhar maior tempo de planejamento”. (KOCH, 2005, p. 131).
Ao se falar em tipos de repetições, ganham destaque as autorrepetições e as heterorrepetições (alorrepetições). Entende-se por autorrepetição aquelas repetições produzidas pelo mesmo falante em uma interação face a face, tendo por função “[...] ganhar tempo para o planejamento, assegurar a posse de turno ou, ainda, simplificar a tarefa de produção discursiva [...]”. (KOCH, 2005, p. 134).
As heterorrepetições também funcionam para ganhar tempo para o planejamento das ideias, para garantir a posse do turno, para demonstrar atenção e interesse, expandindo a resposta a alguma pergunta, para aceitar a ajuda do interlocutor na construção do discurso, dentre outras funções.

 4 METODOLOGIA
                                                                                                                                
            A metodologia utilizada na pesquisa segue o método qualitativo, que evidencia o estudo do homem enquanto ser agente, de convívio social. Ser que interpreta o mundo em que vive, sua linguagem, sua comunidade, seus hábitos.
            Servindo-se do tipo de pesquisa fenomenológica (MOREIRA, 2002), serão colhidos, em várias situações, dados que comprovem, empiricamente, a oralidade de um povo sofrido, trabalhador rural e remanescente quilombola, a partir de sua história contada por eles mesmos. Além do mais, a pesquisa seguirá uma análise processual desses dados investigados em entrevistas fazendo com que seu uso aproxime-se estritamente do contexto educacional.
Sendo assim, Moreira (2004, p. 14-15) descreve as principais estratégias para a coleta de dados seguindo o método fenomenológico, quais sejam:
a) entrevista: os participantes descrevem verbalmente suas experiências de um fenômeno;
b) descrição escrita de experiências pelo próprio participante;
c) relatos autobiográficos, em forma escrita ou oral;
d) observação participante: aqui o pesquisador parte das observações do comportamento verbal e não verbal dos participantes, de seu meio ambiente, das anotações que ele mesmo fez quando no campo, de áudio e video tapes disponíveis etc.

Como nossa pesquisa está voltada à entrevistas orais, seguindo a perspectiva fenomenológica, utilizaremos palavras reais dos participantes as quais ajudarão no processo de interpretação, descrição e análise dos dados. As falas dos interactantes podem confirmar a veracidade dos fatos narrados por eles ou mesmo escondê-los por privacidade ou por desejo da comunidade ou, ainda, “[...] o informante pode esquivar-se de perguntas mais diretas, fornecendo respostas evasivas ou simplesmente inventadas” (MOREIRA, 2004, p. 16).
Esses são alguns problemas que podemos enfrentar ao realizar entrevistas, com os mais diversos sujeitos, mas o que vale, neste tipo de pesquisa, é tão somente a descoberta (heurésis, em grego) de conhecimentos através da experiência vivida pelo entrevistado.
O trabalho se valerá de um corpus formado por entrevistas orais a comunidades quilombolas da região Serrana dos Quilombos de Alagoas, cuja gravação e transcrição será realizada pelo NELING, da UNEAL, grupo de estudos coordenado pelos professores Josimar Gomes da Silva e Dariana Nunes dos Santos.
De acordo com Moreira (2002, p. 54), a entrevista é “uma conversa entre duas ou mais pessoas com um propósito específico em mente”, buscando evidenciar a história de vida de comunidades e suas experiências subjetivas para analisar as especificidades da formulação textual na fala desses partícipes sociais.
No que respeita a transcrições de conversas, Marcuschi (2001, p. 49) afirma que “transcrever a fala é passar um texto de sua realização sonora para a forma gráfica com base numa série de procedimentos convencionalizados”, de modo a considerar o material empírico produzido através de conversações reais como elementos verbais (a coesão e a coerência) e não verbais (a paralinguagem, a cisnetésica e a proxêmica).
Após a realização da transcrição serão elaborados relatórios das falas transcritas, bem como das análises minuciosas dos dados contidos no corpus, realizando-se também a divulgação no meio acadêmico dos resultados da pesquisa por meio da dissertação a ser defendida no PPGLL.



5 CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DE PESQUISA




ETAPAS/MÊS
Mar/15
Abr/15
Mai/15
Jun/15
Jul/15
Ago/15
Set/15
Out/15
Nov/15
Dez/15

Curso das disciplinas










Levantamento bibliográfico










ETAPAS/MÊS
Jan/16
Fev/16
Mar/16
Abr/16
Mai/16
Jun/16
Jul/16
Ago/16
Set/16
Out/16
Nov/16
Dez/16
Coleta
de dados












Análise
dos dados












Redação do trabalho












Revisão e redação final












Entrega da dissertação












Defesa da dissertação
















6 REFERÊNCIAS

 ANTUNES, I. C. Lutar com palavras: coesão e coerência. 4. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2010.

GALEMBECK, P. T. O Turno Conversacional. In: PRETI, Dino. (Org.). Análise de textos orais. São Paulo: FFLCH-USP, 1993, p. 55-79.

HILGERT. J. G. A construção do texto falado por escrito: a conversa na internet. In: PETRI, D. (org.). Fala e escrita em questão. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2000, p. 17-56.

KERBRAT-ORECCHIONI, C. Análise da Conversação: princípios e métodos. Trad. Carlos Piovezani Filho. São Paulo: Parábola, 2006.

KOCH, I. G. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2005.

______. A coesão textual. 22. ed. São Paulo: Contexto, 2010.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

______. Análise da Conversação. 5. ed. São Paulo: Ática, 2005.

______. Repetição. In: JUBRAN, Clélia Cândida Abreu Spinardi; KOCH, Ingedore Villaça. Gramática do português culto falado no Brasil. Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 2006.

______. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

MELO, D. W.; SANTOS, M. F. O. Retórica e Análise da Conversação: um encontro possível. Maceió-AL: Edufal, 2011.

MOREIRA, Daniel Augusto. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira Thompson, 2002.

______. Pesquisas em Administração: origens, usos e variantes do método fenomenológico. In: Revista de Administração e Inovação. São Paulo: RAI, 2004, v. 1, n. 1, p. 5-19.

MOURA, M. D. Resquícios de Palmares: o que uma comunidade quilombola nos diz. Maceió: Edufal, 2009.

PETRI, D.; URBANO, H. (org.) A linguagem falada na cidade de São Paulo. São Paulo: T. A. Queiroz Editor, 1990.



SANTOS, M. F. O. A interação em sala de aula. Recife: Bagaço, 2004.

______. Os aspectos linguístico-interativos em aulas de Português do Ensino Médio. In: MOURA, Maria Denilda (org.). Leitura e escrita: a competência comunicativa. Maceió: Edufal, 2007.

SANTOS, M. F. O.; DIKSON, D.; MORAIS, E. P. Interfaces com a Análise da Conversação: olhares diversos em teorias imbricadas. Maceió: Edufal, 2014.

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